Roma
é indiscutivelmente um filme belo. Mas o que, afinal, isso
significa? Ou então, será que “ser belo” é tudo o que o filme
é? A beleza cinematográfica de um filme participa exclusivamente do
que o filme é como obra de arte? É preciso dizer muita coisa para
esclarecer esse ponto, mas, sobretudo, no caso em questão, é
preciso dizer muita coisa em contraponto ao burburinho que se tem
erguido em torno do filme por ocasião de sua publicização e
celebração.
Minha
motivação para escrever esse ensaio é a de levantar uma voz que
faça contraste a certa maneira como o filme vem sendo recebido e
criticado nos meios de circulação cultural mainstream. O filme opta
por um estilo abertamente realista, e põe no centro de sua trama uma
empregada doméstica de origem étnica indígena, a trabalhar numa
casa de classe média no México dos anos 70. Isso é o suficiente
para armar uma rede de adesões prévias que passa a controlar a
expectativa do público quanto ao que está sendo exatamente
representado aí. Mesmo se não houvesse nenhuma intencionalidade
artística quanto a isso, a questão da identidade se coloca
imperiosamente, pois o contexto cultural em que o filme é
publicizado e celebrado é aquele no qual o problema identitário vem
ganhando ao longo dos anos visibilidade e importância, ou seja: com
ou sem justiça, o filme é julgado nos termos disso.
E
justamente porque a recepção do filme, nesse contexto, adere
facilmente à questão identitária, há um tanto de injustiça
crítica se passando por crítica bem informada e inteligente, e
advinda, também justamente, daqueles grupos para quem a questão
identitária é a mais candente na política das últimas décadas.
Supostamente, a representação realista de Roma
teria
sido conivente com a realidade representada, por colocar na posição
de subalternidade uma protagonista aparentemente um tanto adaptada à
sua condição, e por estimular a pequena catarse da pequena empatia
diante do desenvolvimento dessa adaptação. A tese que defendo neste
ensaio, em contraste, consiste em apontar que, ao pressupor que o
filme cumpra integralmente a adesão da protagonista a uma série de
expectativas sobre como o subalterno deva ser comportar em situações
tais como as retratadas, essa apreensão logra o efeito de ignorar
muito do que o filme é como obra de arte, o que se apreende na
atenção cerrada à sua espessura
mimética,
sua expressividade singular, e que se trata justamente de uma
expressividade
mínima,
quase no nível de algo que já não pode ser facilmente conceituado,
identificado, logicizado.
Primeiramente,
no entanto, gostaria de esclarecer alguns dos pressupostos a partir
de onde falo.
O
que é o cinema enquanto arte?
Cinema
é uma arte essencialmente superficial e limitada. Limitação essa
dada no plano do constrangimento da obra pela forma, e no
entendimento da forma enquanto tal. Os sentidos dos espectadores de
cinema já estão por demais saturados de todos os outros filmes que
eles já viram, e por tudo o que, na vida, lembre algo como um filme.
Revitalizar esse embotamento dos sentidos, no cinema, não é coisa
fácil, mas o espectador também precisa colaborar. Sobretudo, não
pode se entregar à primeira impressão, à vontade de preencher a
polissemia da imagem fílmica com os discursos da ordem do dia. Fazer
isso é não ver, ouvir, pensar de maneira nenhuma. O cinema é uma
arte que, a princípio, parece que se entrega toda de uma vez; mas
talvez não seja bem assim.
Em
face a isso, os críticos de arte, em especial os especialistas de
cinema, costumam figurar entre os piores “entendedores”. A
linguagem da crítica facilmente vira jargão e conversa-fiada. Seja
a crítica bem informada, culta, altamente especializada, seja a
resenha massificada de última hora, ambas contribuem para que se
ignore o trabalho de pensar os sentidos, ou seja, o exercício
propriamente da estética. A pessoa facilmente se convence de que viu
o que não viu e de que não viu o que viu. Supostamente, o
“verdadeiro sentido” de uma obra residiria na operação
lógico-discursiva que transforma a imagem em texto, em sistema de
conceitos, e lhe aplica o selo de um lógos
que pudesse se descolar da imagem como se esta nem mais existisse.
Não raro, essa significação interpretativa da obra está sujeita
às mais sutis mudanças de humor (sobretudo ao mau-humor) do
espectador crítico na hora e após sua experiência com a obra. Ser
arrogante com uma obra de cinema parece uma postura que, por si, já
garante a alguém razão. Mas talvez as artes visuais, e também o
cinema, sejam aquelas perante as quais sobretudo não se possa
acreditar que a abstração de sua imagem num texto crítico esgote
sua capacidade de dizer algo. Eis aí o que costuma irritar
profundamente os críticos: eles frequentemente querem ter a
última palavra.
A
possível compreensão de uma obra cinematográfica não pode ignorar
que, imiscuído com o espectador culto, bem informado, crítico, está
o espectador “não-artístico”, comum, massificado, ou mesmo o
intensamente individual, isolado, solitário, desmontado de grandes
preconceitos. A comunidade dos tipos comuns é o meio em que circula
o homem
das multidões,
para falar com Poe, e essa comunidade de olhares é também
constitutiva do próprio sentido da obra. O olhar inventado pelo
cinema lida com uma espécie de “média” de todos os olhares
individuais. Há acenos discursivos para cá e para lá, e cada um
pode achar que compreendeu o verdadeiro sentido da obra quando
detecta algum desses acenos. No entanto, uma obra de cinema que se
pretendesse de uma significação absolutamente plena na superfície
de sua aparição provavelmente seria péssima, e provavelmente
trataria o espectador como um estúpido. Cinema trata do ver e ouvir,
e muito do ver e ouvir precisa ficar inexplicado, como que casual,
fora de ordem. Outras artes eventualmente pedem um espectador mais
isolado, sensitivo, cerebral, mas o cinema pede um espectador um
tanto rendido. Fato que obviamente não dispensa o pensamento, mas o
constrange a termos um tanto mais generosos, e por isso mesmo
“médios”.
Voltamos
então ao que foi dito no início, à superficialidade e limitação
da arte cinematográfica. O aspecto potencialmente mítico e
mitificante do cinema já foi por demais explorado e criticado em sua
não tão longa história. Evoco principalmente o pensamento
desenvolvido por Adorno e Horkheimer no capítulo sobre “A
Indústria Cultural” na sua Dialética
do Esclarecimento.
Porém, o discurso pretensamente esclarecedor não desarma totalmente
a idolatria, mas às vezes inventa uma outra, a idolatria ao
conceito. Troca-se frequentemente um embotamento por outro. Mas uma
arte que não demande e desafie a estética, ou seja, uma arte sem o
pensamento dos sentidos, é qualquer outra coisa que não arte. E
sobretudo, estamos num momento cultural em que é muito recompensador
utilizar um objeto artístico como ensejo para falar de qualquer
outra coisa que não dele mesmo, e assim não pensá-lo de modo
nenhum.
É
inútil pretender que a arte seja política.
É absolutamente impossível uma arte que não fale de mundo, não
signifique mundo. Isso pode comparecer numa obra das mais diversas
maneiras, mas se manifesta já no simples fato de uma obra ser sempre
obra no mundo. O aspecto não-ficcional de uma obra está incluído
em seu aspecto ficcional, e o constitui desde fora e desde dentro. É
evidente que toda obra de arte é “política” em algum sentido,
mas frequentemente não no sentido em que ela ou os discursos
críticos levianos o declaram. É comum que uma obra se “despolitize”
na sua adesão explícita a algum discurso político, e se “politize”
na sua recusa ao discurso explícito. Novamente, é preciso dizer o
óbvio: que o sentido da obra não reside exclusivamente na suposta
discursividade mais aparente e tampouco na mais oculta. A
transformação da arte em mero discurso é a morte da arte. E às
vezes a arte subsiste até na sua mais equívoca celebração ou
mesmo na mais injusta desforra contra ela. O que ela diz é
principalmente o que não diz explicitamente de uma vez. Enfim, eis
algo que também os inteligentes não perdoam na arte em geral, e
frequentemente no cinema: a vagueza, a ambiguidade, a contradição,
a abertura significativa, em suma, a polissemia,
ou mesmo a assemia.
Se tudo for dito de uma vez, a catarse, seja qual for, se realiza. Se
algo ficou a ser dito, eu tenho de lidar em mim com esse silêncio
inquieto, com esse vazio denso. Tenho de pensá-lo radicalmente, ou
tenho de expiar como se não existisse, como se eu não tivesse visto
e ouvido o que vi e ouvi. Mas está lá, é só voltar a ver e ouvir,
de novo.
Expressões
que escapam à identidade:
Como
já foi dito, o contexto cultural em que Roma
se
lança é aquele em que facilmente se arma uma rede de adesões
prévias que controlam as expectativas sobre o que e como o filme
deve representar. Afinal, quando se fala atualmente no plano político
a respeito de identidades,
o que está pressuposto é uma maneira de falar sobre determinadas
coisas na qual as analogias
entre
elas passem a operar como igualdades.
O idêntico, nesse caso, é o que está submetido às mesmas
determinações, e como tal abstrai a questão de se essas
determinações são exatamente as mesmas. A partir daí, atua
implicitamente o constrangimento de que cada caso exemplar da coisa
representada não seja apenas um caso isolado, mas seja o exemplo
último da representação, ou seja, algo como um símbolo.
O identitarismo cultural, entendido aqui como doutrina, quero dizer,
como sistema de pensamento coesivamente fechado em si e paramentado
de alguns conceitos e objetos um tanto homogêneos, não coloca para
si mesmo a questão de até onde vai o instrumento de seu pensamento,
a cola entre algumas poucas imagens de identidades e as coisas que
elas efetivamente identificam.
No
plano estético, essa cola identitária possui claras limitações, e,
se for admitida sem ressalvas, muito na obra de arte se perde. Para
chegar a reconhecer o valor artístico do filme, em meio a coação
do pensamento identitário, seria preciso, no mínimo, desarmar o
maquinário de identificações que se colam facilmente à
experiência com a obra. A identificação serve, quando muito, como
hipótese interpretativa, como contrafactual, que tem de ser posto à
prova pela renovada experiência ou pela memória. Não raro, a
entrega dogmática a uma interpretação atesta não só a teimosia
leviana do crítico mas também já aí um embotamento dos sentidos e
da memória. A identidade é o instrumento do pensamento, mas costuma
ser também o que permite esquecer o que a ela nunca se subsume.
A
identidade de classe entre parte dos personagens, o diretor/criadores
e parte considerável do público:
Essa
identificação é invocada sob a chave da catarse que o filme
realizaria, a catarse da compaixão momentânea da burguesia com seus
subalternos. Com frequência, e não por acaso, essa equação é
apresentada justamente por alguns ilustrados membros de classe média,
que provavelmente moraram numa casa como aquela, e tiveram uma
empregada como aquela. Uma crítica como essa mal esconde o recalque
em que se baseia. De fato, a compaixão momentânea burguesa
corresponde, mais ou menos, ao arco narrativo da patroa, que precisa
passar por uns maus bocados para só então perceber quem resta ao
lado dela. Mas o próprio filme não se dobra a isso, ao mostrar as
reservas da empregada perante as efusões compassivas, sua expressão
melancólica entre a simpatia e o desconsolo. Também mostra a
reconstituição das relações de trabalho mesmo após as efusões,
como a não esquecer que é possível ser doce com os subalternos
mantendo-os no mesmo lugar. A distância de classe, convivendo no
mesmo espaço, não pressupõe episódios constantes de violência
explícita, apesar de preparar um terreno para sua iminência.
Certamente, os membros ilustres da classe média tenderão ao mal
estar ao identificarem na constituição de suas próprias vidas o
mecanismo que os permite serem sensíveis às dores dos outros e ao
mesmo tempo impotentes perante elas. Eles tendem a julgar o contexto
dessa identificação como hipócrita, e colam uma identificação
como essa a um filme que, pelo menos para mim, parece mostrar outra
coisa. O apagamento do subalterno se faz inclusive aí, quando
pressupõe que o mais importante no filme é a catarse da pequena
compaixão burguesa com os pobres. Mas ela sequer é o principal, é
algo que fornece apoio às expressões, algo que também compõe
cenário.
Identidade
entre a beleza cinematográfica e conformismo da representação:
Identificação
essa invocada, não sem fundamento, em face da longa tradição
realista, naturalista e documentarista das artes que, sobretudo no
cinema, grassam nas Américas meridionais. A celebração do filme
seria, assim, talvez a pior acusação contra ele. As massas, e
sobretudo as massas cults,
querem ver a pobreza representada, e se calhar de essa representação
ser “bela”, soa quase como uma celebração da pobreza.
Certamente, o senso comum crítico também já incorporou em si
anticorpos contra esse procedimento, e o acusa como se à arte, e no
caso à arte realista,
já não coubesse correr o risco de mostrar a opressão, a injustiça,
a violência, sem colar nisso eloquentes discursos revoltados sobre
como todas essas coisas são ruins.
Pois
bem, a arte é essencialmente culpada, desde berço, essa é a sua
condição social, a de se colocar, dentro da sociedade, como algo
que não cumpre necessariamente função. Até por isso, julgam-se as
obras como se elas devessem reivindicar essa função social, por
exemplo, como se tivessem de realizar catarse. Tudo isso também faz
parte do jogo com a arte, ela não pode fugir à responsabilização.
No cinema, isso compõe aquela “média” dos olhares individuais,
que o olhar verdadeiramente crítico não pode ignorar, mas da qual
deve desviar, para ir de encontro à singularidade da coisa aí
realizada. Mesmo que se peça à obra que ela jogue com a empatia,
ela só poderá fazer isso com seus próprios meios.
As
artes visuais, sobretudo o cinema, fundadas que estão sob o império
do olhar, abrem necessariamente uma distância com o supostamente
representado. Justamente porque a imersão é sempre parcial, o
cinema no âmbito da indústria cultural evoluiu no sentido de criar
meios para realizar melhor a imersão: trilha sonora, personagens
exemplificando tipos psicológicos, montagem que privilegia uma trama
linear, fotorrealismo, etc. O cinema vai aos poucos deixando de ser
sonho
para ser realidade.
Os espectadores já estão tão saturados desses procedimentos que
até o naturalizam. Então, quando um filme, hoje, se propõe a
compor paisagens urbanas e domésticas, ele lida com um espectador
daquele modo acostumado. A tentação artística de apresentar
imagens de choque é grande, como a despertar o espectador de seu
lugar. Porém, chegamos numa situação em que o choque não
desperta, o choque na verdade faz parte do esperado.
Roma
lida com isso à sua maneira, ao forçar o olhar a não se deixar
capturar pelas paisagens, não imergir totalmente nelas. Há
propositalmente uma monotonia
no filme, a monotonia da distância imagética consciente de sua
condição. O cinema está posto como algo que se sabe janela,
e não se demove daí. A empatia artística, ao revelar sua essência
ficcional, revela também a ficcionalidade de toda empatia.
Novamente, eis algo que os inteligentes não perdoam. Eles querem que
a obra artística seja redentora, e que realize a redenção nos
termos deles, termos discursivos. Como pode a arte “mostrar” a
pobreza e não “criticar” a pobreza? Como dizem, há uma
“estetização da miséria”. Para os inteligentes, o pobre que
serve à arte é aquele revoltado com a pobreza, ou cuja convulsão
imoral é consequência da pobreza. Os pobres que servem ao realismo
são como os personagens malditos dos romances do séc. XIX, são os
desgraçados, os perdidões. Qualquer coisa diferente disso soa como
condescendência com a ordem vigente.
Sob
esse juízo, um outro apagamento se realiza aí, o apagamento da
revolta que não se diz, da revolta sem palavras. O filme não faz
para a gente o trabalho de reconhecer isso. Ou então, dito de outra
forma, a gente se acostumou tanto a ver representado o histrionismo
da pobreza, que se recusa a ver outras expressões que não essa. O
trabalho da atriz Yalitza Aparicio, nesse sentido, é de fato
primoroso, e nele se manifesta toda a dimensão irônica
da obra.
Identidade
entre a mudez da protagonista e sua suposta inexpressividade:
Essa
identificação é talvez a mais terrivelmente cruel, a mais
apagadora de singularidades, a mais ignorante ou mais pretensamente
crítica. Simplesmente porque é a identificação que, transformando
a imagem fílmica em discurso, há de esbarrar na protagonista como
alguém incapaz de dizer algo, incapaz de lógos,
e com isso dirá que o filme não diz nada. Pode-se ignorar então
que as expressões da personagem, que as lentes tão pontualmente
captam, estão no nível aquém ou além do semântico, pode-se
ignorar como se essas expressões não existissem. Toda timidez
carrega um pouco essa mácula, e a timidez potencializada pela
miséria ainda mais. A vontade de sacudir a pessoa para que ela
acorde, para que ela se comporte como gente comum, é imensa, e
reflete toda a impaciência social perante aqueles que não têm voz,
e/ou aparentemente não querem tê-la. É também toda a nossa
arrogância contra os animais, seres essencialmente despidos de
linguagem, ou ao menos despidos de linguagem humana, de todo modo
seres a quem não é possível a lógica,
e com quem toda a possível comunicação se dá ao nível da
expressão.
Mas
a impaciência culta contra o filme Roma
não
é casual, e, como tentei demonstrar, contém-se no movimento
cultural que ratifica algumas categorias de identidade como se
devessem compor tudo o que é possível pensar sobre sociedade.
Movimento cultural que, no seu desenvolvimento, simplesmente abole o
pensamento sobre a espessura
mimética
da
vida humana, e coloca a questão da liberdade nos termos de um eterno
recitar o lugar de subalternidade da identidade entendida como
minoritária, lugar encaixado perfeitamente numa hierarquia social
que, só de ser pensada tão rigidamente, parece que se enrijece cada
vez mais. Nessa hierarquia enrijecida, onde se colocaria um indivíduo
como a protagonista do filme? Certamente, com um pouco de embotamento
estético e tergiversação, não é difícil encontrar um lugar para
ela, e toda celebração e premiação do filme deve mesmo se dar nos
termos desse encaixe; mas eu reitero que isso não é tudo o que o
filme diz. A ironia
artística
é
um “dizer a mais” tensionado a partir do “dito” na obra. E
que parte dessa ironia se encarne numa personagem aparentemente tão
frágil e muda é algo que os bem pensantes dificilmente engolem
calados. Ao verem o fantasma de suas doutrinas celebrado no cinema
mainstream, acham que há algo errado, pois esse fantasma talvez tenha sido criado,
historicamente, para não ser celebrado justamente aí. Mas até isso
é um equívoco, pois a função histórica do fantasma se
transformou, e agora serve até para fazer esquecer o que, na
celebração ou na crítica à celebração, abstraído nele
subsiste. Para esquecer que a expressão que não se absorve em lógos
ainda
é um atestado de dignidade do vivente, coisa da arte desde sempre.